Um dos conceitos mais interessantes que aborda design e seres humanos é o Uncanny Valley. Citado pela primeira vez pelo professor de robótica japonês Masahiro Mori, é uma hipótese que sustenta o aumento da estranheza por réplicas de forma humana (robots, ou personagens de animação), conforme estes vão adquirindo semelhanças com a aparência e comportamento humanos.

Esta estranheza, e por vezes repulsa, vai aumentando conforme as características se vão aproximando do real. Depois há um ponto em que voltamos a sentir simpatia pelos objectos que nos imitam - quando a diferença com o real é quase imperceptível - daí a analogia com um vale.

Origem: Wikipedia
Um filme de animação deve manter um afastamento estético com a realidade para ser bem aceite. Por exemplo, quando a Pixar estava a desenvolver Os Incríveis sentiu a dada altura a necessidade de tornar os seus personagens menos reais, dando-lhes um ar mais abonecado e atribuindo-lhes detalhes visuais típicos da banda desenhada.

O Uncanny Valley pode aplicar-se sempre que estejam envolvidas entidades com características humanas desde próteses de membros para utilização por deficientes físicos, passando por fíguras de índole sexual, robots ou personagens de ficção. É um fenómeno estudado há muito tempo e as justificações para este comportamento são várias. Eu acho interessantes as que defendem dever-se ao nosso mecânismo de defesa contra doenças ou ameaças físicas de contaminação por parte de semelhantes disfuncionais.

Há muito que esta curva de aumento e diminuição de empatia foi notada, tendo Sigmund Freud registado várias componentes deste comportamento. Em 1839, Charles Darwin descreve um fenómeno semelhante que se dá em várias espécies.

Aqui podemos ler mais sobre este conceito.

Uncanny Valley: The rise and fall and rise of human replicas.
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